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Inúmeras pessoas por aí necessitam da compaixão de Deus

Diocese de Barretos - 21 de julho de 2024

Inúmeras pessoas por aí necessitam da compaixão de Deus

Inúmeras pessoas por aí necessitam da compaixão de Deus

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Na sequência da leitura contínua do Evangelho de Marcos, lemos neste domingo o retorno dos discípulos da missão dois a dois (domingo anterior: Mc 6,7-13), o recolhimento de Jesus para um lugar à parte (v. 31) e a compaixão da multidão (v. 34). Os apóstolos (enviados) regressam da missão e comunicam a Jesus os acontecimentos e ensinamentos (v. 30). Estavam entusiasmados com a experiência missionária e com os fatos que acompanharam a pregação deles. Então, Jesus propõe a ida a um lugar deserto, um descanso com eles, distante da multidão (v. 31-32). Era uma maneira de não apenas repousar, mas também avaliar e planejar para seguir adiante. A pausa é fundamental para melhor prosseguir. O deserto, nas Escrituras, é imagem do lugar da aliança de Deus com seu povo.

Contudo, a multidão não desiste de Jesus e dos discípulos. Muitas pessoas das cidades vizinhas, das aldeias por onde o grupo passava, e outras que ouviam falar de Jesus iam até ele para encontrá-lo e ouvi-lo. A multidão chega antes de Jesus descer da barca (v. 33). Ao ver aquela gente, Jesus se compadece, sente pelos seus sofrimentos e necessidades. Ele se “move de compaixão” como Deus (Ex 34,5-6; Is 40,11). Marcos compara aquela gente a “ovelhas sem pastor” (v. 34) – imagem que, desde o Antigo Testamento, descreve a demanda de uma voz para nortear o rumo a seguir (Nm 27,17; Ez

34,5.8; Jr 50,6). Jesus é a Palavra de Deus encarnada que revela o mistério do amor do Pai. As pessoas precisavam desse “novo” ensinamento que consola e dá sentido à existência. Havia uma busca por parte de muitos, e estes encontravam resposta em Jesus.

Nossas realidades eclesiais e o mundo no qual vivemos estão repletos de pessoas 

que vivem como “ovelhas sem pastor”, sem maiores sentidos de vida, sem propósitos nem objetivos. A Palavra de Deus propõe um recolhimento e um encontro. Jesus nos convida a ir a um lugar tranquilo, sereno, para conversar, encontrar as belezas de Deus que se manifestam na vida de todos nós, na luta dos trabalhadores, do jovem em busca de emprego, no esforço de muitos por justiça... Quantas histórias lindas temos para perceber em nós e no nosso meio! Contudo, somos demasiadamente ocupados com uma vida vazia. 

Assim como agiu com seus discípulos, ele também nos indica o silêncio e o recolhimento, para ouvirmos melhor nosso interior, onde Deus habita. A partir daí, contribuímos para que essa unidade em Cristo se realize em outras pessoas, nas nossas comunidades e na nossa sociedade. A compaixão sentida por Jesus deve preencher nosso coração e nos deslocar para o encontro com o outro que necessita de nós; não apenas como mero sentimento, mas como jeito de ser e de agir. Há tantas pessoas por aí necessitando da compaixão de Deus! (Revista Vida Pastoral, Paulus, n. 358)