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Médico esclarece sobre prejuízos à saúde com tempo seco e baixa umidade

luis.martins - 15 de setembro de 2024

Dr. Santiago citou cuidados possíveis de serem adotados com o clima seco

Dr. Santiago citou cuidados possíveis de serem adotados com o clima seco

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O pneumologista Carlos Santiago (CRM 59.847) esclarece sobre as consequências para a saúde das atuais condições climáticas, com seca severa e baixa umidade do ar. De acordo com o médico, esta situação afeta a saúde das pessoas e amplia os problemas respiratórios.

“Nos últimos anos o planeta Terra vem apresentando um comportamento climático, no mínimo, diferente do que a humanidade havia se acostumado: seja pelas próprias características dele, com fenômenos que só agora começamos a entender, como o El Niño e La Niña, seja por nossa ação, através  da produção e emissão crescente, desenfreada e descontrolada de gases que incrementam o efeito estufa, particularmente com a produção e consumo de combustíveis fósseis, seja por desmatamento de biomas, através de ações mecanizadas e/ou promoção de queimadas/incêndios”, comenta.

“A consequência disso na nossa saúde inicia-se pela qualidade e umidade do ar que respiramos: nosso aparelho respiratório é basicamente um sistema de encanamento, que tem um mecanismo de limpeza e defesa à base de produção de um muco antisséptico o qual é transportado por cílios, e que necessita, para funcionar adequadamente, que o ar passe por ele sob a forma de vapor d’água a 37 graus, o que é processado pelos nossos seios paranasais, ao inspirarmos”, explica.

O médico lembra ainda a umidade ideal para esse ar entrar pelas narinas é acima de 60%, mas ele ainda consegue realizar essas funções entre 30 e 50%.

“Abaixo desses valores, elas correm o risco de serem prejudicadas, fragilizando a barreira orgânica das vias aéreas superiores e propiciando condições favoráveis ao surgimento de anormalidades que, em última análise, levam ao surgimento de afecções como infecções virais ou bacterianas e exacerbações de doenças alérgicas, dentre outras. Assim, quanto mais baixa essa umidade, mais agressão ao trato respiratório e maior a chance de sermos acometidos por tais doenças”, completa.

UMIDADE

O pneumologista ressalta ainda a importância das pessoas terem conhecimento do conceito de umidade relativa do ar e seus reflexos em termos de saúde. “Como o nome já explicita, ela mede a quantidade de vapor d’água atmosférica em relação à saturação do vapor disponível no ambiente, ou seja, quanta água em estado gasoso há no ar em relação ao máximo que poderia haver na temperatura atual. Quanto mais perto de 100%, mais água presente na atmosfera”, afirma.

CUIDADOS

O dr. Santiago lembra que há alguns cuidados possíveis de serem adotados quando a umidade está em estado crítico, com tempo muito seco.

De acordo com ele, entre 21 e 30%, por exemplo, convém evitar exercícios físicos entre 11 e 15 horas, consumir mais água e umidificar o ambiente com vaporizadores, toalhas molhadas ou recipientes com água. “Entre 12 e 20%, além dos cuidados citados, convém evitar aglomerações em locais fechados, utilizar soro fisiológico para olhos e narinas e evitar exercícios e trabalho ao ar livre entre 10 e 16 horas. Abaixo de 12%, é melhor evitar qualquer atividade ao ar livre e manter a umidade em locais internos artificialmente”, esclarece.

ALERTA

O médico também cita que em tempos de seca como o atual, é comum ver termos como “alerta laranja: baixa umidade” sendo utilizados em notícias e avisos. Níveis de alerta começam a ser observados a partir de algumas situações, como definido pelo Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) e Coordenadorias de Defesa Civil dos municípios brasileiros. “São eles: Alerta amarelo - quando a umidade fica entre 30% e 20% por pelo menos 5 dias seguidos; Alerta laranja - quando a umidade está abaixo de 20% por pelo menos 3 dias consecutivos; Alerta vermelho - quando a umidade se mantém abaixo de 12% por pelo menos 2 dias seguidos.

“A título de ilustração do momento que vivemos, na semana passada Barretos teve por três dias consecutivos a umidade relativa do ar abaixo dos 12%, ficando na casa dos 7% em alguns períodos desses dias, figurando entre as 5 cidades mais secas do país. Nossas unidades de saúde, pronto atendimentos, consultórios e ambulatórios médicos passaram a ter um ´boom´ de pacientes com tosse seca, peito arfante, cefaleia, fadiga, adinamia, prostração, epistaxe (sangramento nasal), dentre outros sintomas, todos consequentes a essas condições adversas de clima e temperatura, porque, além do ar seco, a temperatura encontra-se anormalmente elevada, devido à onda de calor por que passamos nesse momento”, destaca.

CONSCIENTIZAÇÃO

O médico ressalta a importância da conscientização da população no sentido de fazer a sua parte, no que tange à pró-atividade em prevenir incêndios advindos das queimadas, tradicionalmente arraigadas à cultura da “limpeza” de terrenos e quintais”, não realizando-as e denunciando aqueles que as fazem. “Essa medida pode ser útil até que a natureza retome seus rumos históricos e nos traga de volta as tão esperadas chuvas: chuva é água, água é vida, abençoada chuva”, finaliza o dr. Santiago.