Muita tela, pouco movimento: o sono dos jovens em ameaça
O Diário - 13 de novembro de 2024
Marcela Viscovini Gomes da Silva, estudante do 8º período do curso de medicina da FACISB, orientada pela profª Barbara Sgavioli Massucato
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Um estudo recente, realizado por pesquisadores islandeses e americanos, analisou o impacto do tempo excessivo de tela e da falta de atividade física, na qualidade do sono dos adolescentes. Foram observados 315 jovens islandeses com base no tempo de tela e no uso de dispositivos de pulso que mediam o sono e a atividade física. A pesquisa revelou que o uso prolongado de dispositivos, como celulares e videogames, combinado à falta de atividade física regular, gera alterações nos padrões de sono dos jovens. Adolescentes que passam mais tempo em frente às telas tendem a ter horários de sono mais irregulares e despertares frequentes durante a noite, o que afeta a qualidade do descanso. Ademais, notou-se que meninos apresentam um maior tempo de tela e maior variação nos horários de sono e meninas demonstram menor oscilação e resposta mais forte à atividade física, relacionando garotas mais ativas com um padrão de sono mais regular.
Há algumas explicações para a relação entre sono, atividade física e excesso de tela (como em jogos, redes sociais e televisão). Jovens sedentários apresentam sono irregular e maior oscilação nos horários por uma falta de estímulos que ajudam a regular os ciclos naturais de sono e vigília. Além disso, o exercício físico também reduz os níveis de cortisol, hormônio do estresse, e diminui a resposta do sistema nervoso simpático, responsável pelas respostas de “luta e fuga” do nosso corpo, promovendo um estado corporal mais relaxado e favorável ao sono. Semelhante a isso, o uso de telas e seus efeitos contínuos da luz azul pode atrasar a liberação de melatonina, o hormônio do sono, e o envolvimento em atividades interativas - como jogos e vídeos rápidos contínuos, aumentam a excitação mental, mantém um padrão irregular, diminui sua qualidade e dificulta o início do sono.
Dessa forma, o incentivo a um estilo de vida mais ativo, com a realização de esportes e atividades físicas específicas que os jovens individualmente gostam, associado ao controle e consequente redução do tempo de tela diário, principalmente antes de dormir, são essenciais para ajudar os adolescentes a terem noites mais tranquilas e produtivas, promovendo padrões de sono mais estáveis. Essas práticas contribuem para uma rotina de sono mais equilibrada e podem impactar positivamente o desempenho escolar e a saúde emocional dos jovens.
Marcela Viscovini Gomes da Silva, estudante do 8º período do curso de medicina da FACISB, orientada pela profª Barbara Sgavioli Massucato