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Negaceando humanidade

O Diário - 26 de abril de 2025

Negaceando humanidade

Ana Paula Ferreira é Historiadora e Pós-graduada em Sociologia da Educação e Cultura

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É uma arte viver e resistir em um mundo que nega humanidade a corpos periféricos e diversos. Reconhecer isso, é um passo importante para reparar injustiças e restaurar a dignidade para muitas pessoas de grupos minoritários. Mas, o tempo moderniza e ainda vemos casos de pessoas reproduzindo as mesmas narrativas, impondo a identificação da imagem dessas pessoas, que nem sempre são reais. Existe a disposição para melhorar as ações de combate às desigualdades sociais, comprometimento com as mudanças e buscar soluções, (com a obrigatoriedade da implementação da lei 10.639/2003 e 11.645/2008), mas será que tudo se resolve só no âmbito escolar? A mudança na forma de ensinar e aprender, considerando a interseccionalidade pode ser reconstruída? As feridas do passado já se tornaram cicatrizes, mas contam vivências que com paciência, construíram a contribuição cultural da população miscigenada no presente. Para negacear a descolonização, desenvolveu-se a arte, cultura, música, cinema, literatura, pesquisas acadêmicas e outras formas de tecnologias ancestrais de combate a alienação racial. A todo momento, a racialidade se manifesta, inclusive, já está incorporada em cada um de nós e sentida por todos, compreendendo que a nossa cultura política munida de atitudes e sistemas, classifica e hierarquiza a existência visual dos corpos periféricos e miscigenados. Quando identificamos o espectro do mundo político coberto por suas interpretações, percebe-se que a redefinição da concepção racial como força política, está alicerçada em uma contínua retórica, engrenada em um movimento histórico alimentado pelos mesmos padrões. O ato de rever nossas ações é importante para fortalecer as identidades culturais, adotar políticas inclusivas, ampliar o nível de segurança alimentar, pública, habitacional com equidade e qualidade. Então, cabe a nós, ensinar as gerações ainda nesse tempo, o respeito, a humildade e o compromisso com a verdade, desenvolvendo e potencializando a história do povo afro-indígena no Brasil, pois a diversidade é a beleza da humanidade.