Números não mentem! Revelam!
O Diário - 31 de outubro de 2024
Danilo Nunes, advogado, professor e membro da Academia Barretense de Cultura (cadeira nº 10)
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O deputado federal Ricardo Silva foi eleito prefeito de Ribeirão Preto com 131.421 correspondendo a 50.13% dos votos válidos. O segundo colocado, Marco Aurélio recebeu 130.734, equivalendo a 49.87%. A diferença histórica é de 687 votos. Do primeiro para o segundo turno, o eleito Ricardo acresceu 2.955 votos. Já Marco Aurélio, saltou 64.598, se credenciando para pleitear cadeira na ALESP ou na Câmara federal em 2026.
Em análise, já no 1° turno, é possível afirmar que o deputado Ricardo Silva tivesse atendido um teto eleitoral. Contudo, o impressionante é a abstenção (quem não foi votar - mesmo com o voto sendo obrigatório no Brasil para quem tem de 18 a 70 anos) foi de 37.64% que corresponde a 179.759 eleitores com domicílio eleitoral em Ribeirão Preto. Número capaz de eleger um terceiro candidato caso o 2º turno fosse disputado por três candidatos.
Partindo das premissas numéricas, os dados de abstenção deixam algumas noções dentro da ciência política e do direito eleitoral. Primeiro, que o número de eleitores que se abstiveram é maior que a votação do prefeito eleito, logo, há uma “ressaca” da classe política ainda a ser superada pelos próprios políticos e políticas eleitos. Segundo, que ou os eleitores se abstiveram porque não se sentiram representados pelos dois candidatos ou, de fato, “lavaram as mãos”, criando uma situação de desconforto para a classe política. Há um recado aí que precisa ser interpretado. É possível até mesmo, que no segundo caso, tenham eleitores do Partido dos Trabalhadores que, no 1º, votaram em Jorge Roque e não votariam no candidato Marco Aurélio também não migraram para Ricardo Silva.
Uma cidade como Ribeirão Preto – com porte de capital de Estado, que gera tanta riqueza, player educacional e polo de agronegócio, além de ser sede de macrorregião administrativa, não poderia ter uma abstenção tão alta. Demonstra desinteresse por parte dos eleitores com certa dose de falta de cidadania, afinal, é nas cidades que o efetivo exercício de cidadania se materializa.
Por fim, os números não mentem. É possível pensar também que - como ciência humana - a política, por meio vencedores e vencidos, não tem sido a alternativa capaz de resolver problemas sociais, mas sim, razão de frustração dos eleitores e eleitoras na cidade. Pode ser que, em Ribeirão Preto, a política não tem sido catalisadora de ação social, por um lado; e - por outro - também não tenha sido capaz de ser instrumento de transformação social com impacto positivo.