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O contraste entre a pobre viúva e a vaidade dos mestres da lei

Diocese de Barretos - 10 de novembro de 2024

O contraste entre a pobre viúva e a vaidade dos mestres da lei

O contraste entre a pobre viúva e a vaidade dos mestres da lei

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(Por: Dom Milton Kenan Jr)

No evangelho de hoje fica evidente o contraste entre a advertência de Jesus aos dirigentes religiosos do seu tempo: “Cuidado com os mestres da Lei”, que vivem sua religiosidade para ostentar a si próprios, cobertos com o manto da vaidade; e o elogio que Jesus faz a uma pobre viúva que coloca no cofre do templo tudo o que possuía.

Marcos e Lucas narram o elogio de Jesus a essa mulher, imediatamente após a censura que Ele faz aos escribas que agiam somente para serem elogiados pelas pessoas e ocuparem os melhores lugares nas sinagogas e em público.

A religiosidade dos escribas era na verdade uma religiosidade aparente. Nós diríamos uma bonita encenação. Jesus diz que eles receberão por isso “uma severa condenação”. Os escribas observavam tudo o que os preceitos judaicos determinavam para que pudessem conservar-se puros e assim participar das bonitas liturgias no Templo. Entretanto a religiosidade deles era “sem coração”.

Marcos não recolhe as palavras de Jesus somente para condenar os escribas que havia no Templo de Jerusalém antes da sua destruição, mas para advertir as comunidades para as quais escreve. Ainda há algumas semanas ouvíamos Jesus dizer que, quem quiser entre vocês ser o maior, seja o último e o servo de todos. Aqueles que exercem uma função de governo na Igreja devem reconhecer-se como servidores das comunidades. Se esquecem isso, são um perigo para todos.

Na cena seguinte, Jesus está sentado diante da arca das oferendas. Muitos ricos deixam grandes quantias que, por sua vez, mantêm o Templo. Jesus observa que se aproximou uma mulher que depositou no cofre apenas duas moedinhas de cobre. É uma viúva pobre, maltratada pela vida, sozinha e sem recursos. É provável que vivia a mendigar perto do Templo.

Comovido, Jesus chama logo os seus discípulos. Eles não devem esquecer o gesto daquela mulher que, embora passasse por necessidade, “deixou tudo o que precisava, tudo o que tinha para viver”. Enquanto os mestres aproveitam-se da religião, essa mulher é generosa com os demais, confiando totalmente em Deus.

Esse gesto revela-nos o centro da verdadeira religião: grande confiança em Deus, surpreendente gratuidade, generosidade e amor solidário, singeleza e verdade.

Nós não sabemos o nome dessa mulher nem conhecemos seu rosto; se não fosse Jesus, ela seria certamente uma entre tantas desconhecidas e desconhecidos que, com fé e coração generoso, frequentam os templos e dão o melhor que têm. Eles são o que temos de melhor na Igreja. Embora não escrevam livros nem pronunciem sermões, eles é que mantêm vivo o Evangelho de Jesus entre nós.