(Por: Dom Milton Kenan Jr)

Jesus e seus discípulos caminham para Jerusalém, onde haveria de realizar-se o que ele havia profetizado: o Filho do Homem será entregue nas mãos dos sumos sacerdotes, doutores da Lei, anciãos que o entregarão à morte, mas no terceiro dia ressuscitará.

Jesus já está bem próximo de Jerusalém. Ele caminha à frente dos discípulos, como um valente profeta, que sabe da sorte que lhe está reservada. Os seus discípulos, que conheciam os sentimentos de Jesus, “tinham medo”.

O evangelista diz que no caminho eis que se encontraram com um cego e mendigo chamado Bartimeu. Era um pobre coitado que vivia à beira do caminho, suplicando por uma pobre esmola para poder sobreviver. O único personagem do Evangelho de Marcos, cujo nome se conservou e nos é dado a conhecer.

Quando soube que Jesus passava por perto, pôs-se a gritar: “Filho de Davi tem compaixão de mim”. Era o mesmo que dissesse: “Ó Messias, tem pena de mim!” Quanto mais insistiam para que se calasse, mais fortes eram os seus gritos. Foi tão grande a sua insistência que Jesus, que ia à frente, se deteve e o mandou chamar.

Antes de tudo é preciso notar que a companhia de um maltrapilho podia perturbar a entrada triunfal do filho de Davi na Cidade Santa de Jerusalém. 

O pobre homem sabendo do convite de Jesus, num pulo abandonou o seu manto e colocou-se diante dele. O manto era para ele não só seu agasalho, mas a sua casa, o seu abrigo, era onde ele recolhia suas esmolas. O manto era tudo de valioso que ele tinha. Não foi preciso Jesus lhe dizer para deixá-lo, diferente do homem rico de quem ouvimos há algumas semanas, mas ele, por própria conta, abandonou tudo para atender o convite do Mestre.

O pobre Bartimeu é exemplo para os que querem seguir Jesus. Ele é um homem que reza com perseverança, que O invoca apesar das dificuldades, não desanima diante dos empecilhos, aceita o encorajamento, vai ao seu encontro, deixa-se depois interrogar, deixa que lhe abra os olhos e O segue pelo caminho.

Ele é o modelo perfeito do discípulo de Jesus. Foi alguém que, antes mesmo que lhe dissesse, deixou tudo para seguir Jesus. Não lhe bastou recuperar a vista, diz o Evangelho que ele seguia Jesus pelo caminho.

À semelhança de Bartimeu, que nós também possamos dizer a Jesus: “Mestre, que eu veja!” Que nossos olhos se iluminem pela fé e se tornem capazes de reconhecer a sua presença tão próxima de nós, fonte de nossa alegria e salvação.