O noivado é um período de averiguação cristã da relação
Diocese de Barretos - 23 de outubro de 2024
O noivado é um período de averiguação cristã da relação
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(Por: Papa Francisco)
No nosso itinerário de catequeses sobre os Mandamentos, hoje chegamos à sexta Palavra, que se refere à dimensão afetiva e sexual, e recita: «Não cometerás adultério».
A exortação imediata é à fidelidade e, com efeito, nenhum relacionamento humano é autêntico sem fidelidade e lealdade.
Não se pode amar só enquanto for “conveniente”; o amor manifesta-se precisamente além do limite da própria vantagem, quando se doa tudo incondicionalmente. Como afirma o Catecismo: «O amor quer ser definitivo. Não pode ser “até nova ordem”» (n. 1.646). A fidelidade é a caraterística da relação humana livre, madura, responsável. Até um amigo se demonstra autêntico, porque permanece tal em qualquer eventualidade, caso contrário não é um amigo. Cristo revela o amor autêntico, Ele que vive do amor ilimitado do Pai, e em virtude disto é o Amigo fiel que nos acolhe mesmo quando erramos e quer sempre o nosso bem, até quando não o merecemos.
O ser humano tem necessidade de ser amado sem condições, e quem não recebe este acolhimento tem em si uma certa incompletude, muitas vezes sem o saber. O coração humano procura preencher este vazio com sucedâneos, aceitando compromissos e mediocridades que só têm um gosto vago do amor. O risco consiste em chamar “amor” a relações angustiantes e imaturas, com a ilusão de encontrar luz de vida em algo que, no melhor dos casos, é apenas um seu reflexo.
Assim acontece, por exemplo, que sobrestimamos a atração física, a qual em si é uma dádiva de Deus, mas finalizada a preparar o caminho para uma relação autêntica e fiel com a pessoa. Como dizia São João Paulo II, o ser humano «é chamado à plena e madura espontaneidade dos relacionamentos», que «é o fruto gradual do discernimento dos impulsos do próprio coração». É algo que se conquista, uma vez que cada ser humano, «com perseverança e coerência, deve aprender qual é o significado do corpo» (cf. Catequese, 12 de novembro de 1980).
Portanto, a chamada à vida conjugal exige um discernimento atento sobre a qualidade da relação e um período de noivado para a averiguar. A fim de aceder ao Sacramento do Matrimónio, os noivos devem amadurecer a certeza de que no seu vínculo está a mão de Deus, que os precede e acompanha, permitindo-lhes dizer: «Com a graça de Cristo, prometo ser-te sempre fiel».
Não podem prometer-se fidelidade «na alegria e na dor, na saúde e na doença», nem amar-se e honrar-se todos os dias da sua vida, unicamente com base na boa vontade ou na esperança de que “isto funcione”. Precisam de se fundamentar no terreno firme do Amor fiel de Deus (Catequeses do Papa, outubro 2018).