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O perdão de deus e a conversão

Diocese de Barretos - 6 de abril de 2025

O perdão de deus e a conversão

O perdão de deus e a conversão

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Por Dom Milton Kenan Júnior, Bispo de Barretos

O encontro de Jesus com a mulher adúltera, prestes a ser apedrejada por flagrante adultério é uma das páginas mais belas que encontramos nos evangelhos. Chama a atenção o fato de que depois de Jesus ter passado a noite sozinho com seu Pai em oração, de repente surge inesperadamente um grupo de escribas e fariseus trazendo “uma mulher surpreendida em adultério”. Não estão preocupados com o destino terrível da mulher. Ninguém a interroga. Ela já está condenada. Os acusadores deixam bem claro: “Na lei de Moisés de manda apedrejar as adúlteras. Tu o que dizes?”. A situação é dramática: os fariseus estão tensos, a mulher angustiada, as pessoas na expectativa. Jesus mantém um silêncio surpreendente. Tem diante de si aquela mulher humilhada, condenada por todos. Logo será executada. Jesus que está sentado, se inclina para o chão e começa a escrever alguns rabiscos na terra. Certamente Ele busca uma luz. Os acusadores lhe pedem uma resposta em nome da Lei. Ele lhes responderá a partir de sua experiência da misericórdia de Deus: aquela mulher e seus acusadores, todos eles, precisam do perdão de Deus. Os acusadores estão pensando no pecado da mulher e na condenação prescrita pela Lei. Jesus mudará a perspectiva. Ele colocará os acusadores diante de seu próprio pecado. Dante de Deus, todos devem reconhecer-se pecadores. Todos nós precisamos de seu perdão. Como eles continuam insistindo cada vez mais, Jesus se ergue e lhes diz: “Aquele de vós que não tiver pecado pode atirar-lhe a primeira pedra”. Quem sois vós para condenar à morte esta mulher, esquecendo vossos próprios pecados e vossa necessidade de perdão e da misericórdia de Deus? O Evangelho nos diz que os acusadores vão se retirando um após o outro. Jesus aponta para uma convivência onde a pena de morte não pode ser a última palavra sobre um ser humano. Mais adiante, Jesus dirá solenemente: “Eu não vim para julgar o mundo, mas para salvá-lo”. O diálogo de Jesus com a mulher lança nova luz sobre sua atuação. Os acusadores se retiram, mas a mulher não se moveu. Parece que ela precisa ouvir uma última palavra de Jesus. Ela ainda não se sente libertada. Jesus lhe diz: “Também eu não te condeno. Vai, e doravante, não peques mais”. Jesus lhe oferece seu perdão e, ao mesmo tempo, a convida a não pecar mais. O perdão de Deus não anula a responsabilidade, mas exige conversão. Jesus sabe que “Deus não quer a morte do pecador, mas que ele se converta e viva”.