Obesidade é uma epidemia
O Diário - 6 de abril de 2025

Dr. Hussein Gemha Taha | Ginecologista e Obstetra | CRMSP 66186 RQE 35155
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Existe no mundo 1,9 bilhões de pessoas obesas, e o Brasil ocupa o segundo lugar com mais obesos. Pode parecer fácil de explicar. Se uma pessoa consome mais calorias do que precisa, ganha peso. Mas a explicação real não é tão simples assim, porque vai muito além do que apenas o peso da pessoa.
Obesidade é uma doença crônica e recidivante, influenciada por muitos fatores que acontecem tanto dentro quanto fora do corpo.
Uma pessoa pode nascer com uma tendência a engordar, assim como alguém nasce com uma cor de olho particular.
Há também o aspecto fisiológico. Quando uma pessoa come, hormônios do estômago e intestino são secretados e chegam ao cérebro, onde ocorre o controle do apetite reduzindo a fome e aumentando a saciedade. Isso controla a ingestão alimentar de uma pessoa com peso adequado.
E mais difícil do que perder peso é manter o peso perdido, pois o organismo luta para voltar ao peso inicial.
Não é só fazer dieta e exercícios físicos, que são fundamentais, mas comprovadamente isoladamente não fazem emagrecer.
Na verdade, a obesidade pode ser influenciada além dos fatores genéticos, hormonais, com o ansiedade e transtorno compulsivo e fome emocional, sono ruim.
Entender esses fatores e tratar a obesidade é fundamental pois as pessoas obesas têm maior risco de desenvolver doenças como diabetes tipo 2, doenças cardiovasculares e certos tipos de câncer como o câncer de mama onde a obesidade é uma das principais.
Sem mencionar o estigma e o preconceito que milhões de pessoas com obesidade sofrem todos os dias.
Hoje dispomos de tratamentos eficazes, com perda de peso sustentada, com porcentagem de perda de peso igual à cirurgia bariátrica.
O tratamento é individualizado, com desenvolvimento das “canetas emagrecedoras” com um substância que chama GLP-1, que diminui a fome e aumenta a saciedade. Tivemos uma evolução, a primeira foi a Liraglutida onde se consegue uma perda de peso corporal em torno de 18%, depois surgiu a Semaglutida em que se consegue uma perda de peso de até 23% do peso, e mais recentemente a Tirzepatida que chega a perda de até 26% do peso, comparado com as cirurgias bariátrica que tem uma perda de peso entre 20-25% do peso inicial.
E além do tratamento para diabetes e obesidade, estudos recentes demonstram benefícios também no tratamento e prevenção do Alzheimer, demência e doenças cardiovasculares.
Além das “canetas” temos disponível nova medicação (Associação da Bupropiona com Naltrexone) que age na fome emocional, no “craving” uma fissura por certos alimentos.
Lembre-se que a obesidade é uma doença crônica e como tal devemos trata-la e sem gordofobia.
Obesidade não é uma escolha de vida.