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Oftalmologistas orientam sobre doenças que provocam baixa visão na terceira idade

O Diário - 25 de agosto de 2024

Oftalmologistas orientam sobre doenças que provocam baixa visão na terceira idade

SAÚDE: Os oftalmologistas dr. Fernando Heimbeck e dra. Daniela Monteiro de Barros, especialistas em oftalmologia pelo Willis Eye Hospital, no Estados Unidos, são orientadores da Liga Acadêmica de Oftalmologia

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Médicos explicam as principais formas de prevenção e os tratamentos adequados

Os oftalmologistas dr. Fernando Heimbeck e dra. Daniela Monteiro de Barros esclarecem sobre as doenças que acarretam baixa visão na terceira idade e orienta sobre os principais fatores de risco. Na entrevista a seguir, os médicos explicam também as formas de tratamento e destacam informações importantes para uma boa saúde ocular. Confira.

O DIÁRIO: Quais as principais causas de baixa visão na terceira idade e seus fatores de risco? 

dra. Daniela / DR. FERNANDO: Quando falamos de doenças dos olhos na terceira idade, destacamos principalmente: Catarata senil , Degeneração Macular Relacionada a Idade (DRMI) e Glaucoma.

A Catarata é a denominação dada a qualquer opacidade do cristalino (lente natural do olho). É a maior causa de cegueira “reversível” no mundo. Existem vários tipos de catarata, a mais comum é a catarata do idoso, chamada catarata senil. Mas existem outros tipos como a catarata congênita, a catarata induzida por uso de corticoides, como também as causas traumáticas. Alguns fatores podem contribuir para o desenvolvimento dessa doença, como a própria idade avançada, tabagismo, exposição solar, diabetes mellitus, corticóides e obesidade.

Já a DMRI é uma doença ocular que provoca diminuição ou perda da visão central, uma vez que acomete a mácula (que é a região da retina responsável pela visão de cores e detalhes). Essa patologia é uma das grandes causas de cegueira irreversível em idosos. A degeneração macular relacionada à idade é classificada de duas formas: seca e úmida. A primeira, também chamada de não exsudativa, é a mais frequente, abrangendo cerca de 90% dos casos. Já a DMRI úmida, ou exsudativa, possui menor prevalência, porém é associada a uma progressão mais rápida para a perda visual - ocorre o surgimento de vasos sanguíneos anormais na retina, que podem romper e sangrar. Alguns fatores estão envolvidos no aparecimento da doença, como idade (principal fator); tabagismo (aproximadamente dobra o risco de DMRI); hipertensão; alta ingestão de gordura; obesidade; além de ser uma doença mais comum em caucasianos (etnia de pele branca).

O Glaucoma é uma das principais causas de “cegueira irreversível” no mundo. Nos Estados Unidos (EUA) mais de 3 milhões de americanos têm glaucoma. Em 2050, espera-se que esse número aumente para 6,3 milhões devido ao envelhecimento da população dos EUA. Atualmente, não há cura para o glaucoma, mas tem tratamento, se a doença for detectada precocemente, ela poderá ser tratada e controlada antes que ocorra perda de visão ou cegueira. Como geralmente não há sintomas, apenas 50% das pessoas com glaucoma sabem que tem a doença. Certos grupos populacionais correm maior risco de ficarem cegos devido ao glaucoma. Estes grupos incluem pessoas negras ou afro-americanas, pessoas hispânicas ou latinas, pessoas que vivem na pobreza e pessoas que vivem em áreas rurais com recursos limitados.

O DIÁRIO: Como se manifesta a catarata e como se dá o seu diagnóstico? 

DR. FERNANDO: As principais manifestações da catarata são diminuição da acuidade visual, sensação de visão “nublada”, sensibilidade maior à luz, alteração da visão de cores, mudança frequente da refração (grau do olho) e ofuscamento noturno (glare noturno). O diagnóstico é feito através do exame oftalmológico na lâmpada de fenda (biomicroscopia). 

O DIÁRIO: No caso da Degeneração Macular, a doença manifesta de que forma? Como diagnosticar essa doença? 

DR. FERNANDO: A DMRI seca apresenta-se geralmente como clinicamente assintomática, sendo que os pacientes podem reclamar de uma perda de visão gradual em um ou ambos os olhos, tendo como primeiros sintomas a dificuldade para ler ou dirigir, um borramento que obstrui seu campo visual central ou a necessidade de luz mais forte para melhora na visão. Já a DMRI exsudativa, costuma apresentar-se clinicamente com uma distorção visual aguda ou perda da visão central, podendo estar presente em apenas um olho ou ambos.

A DMRI configura-se atualmente como a causa mais comum de cegueira não tratada do ocidente. Para que seja feito o diagnóstico, é necessário que o paciente seja encaminhado ao oftalmologista especialista, onde será submetido a exames como o exame de fundo de olho, angiografia fluoresceínica retiniana e tomografia de coerência óptica, os quais são necessários para diagnosticar ambas as formas da DMRI.

O DIÁRIO:  A Catarata tem cura? Como funciona o seu tratamento? 

DR. FERNANDO: A catarata tem cura através da cirurgia, e o procedimento consiste em remover o cristalino opaco e substituir por uma lente intraocular. A cirurgia é um processo rápido, porém delicado, mas extremamente eficaz na doença. Atualmente, a cirurgia é indicada para todos os casos de catarata.

As lentes intraoculares se dividem em dois tipos: as monofocais e as multifocais. As monofocais ajustam a imagem para um determinado ponto e distância, fazendo com que o paciente necessite de óculos após a cirurgia . As multifocais são mais modernas, possibilitam a visão em vários pontos, facilitando a visão de perto, intermediária e longe, criando uma independência de óculos em mais de 90% do dia a dia do paciente. Ambas as lentes podem ser tóricas ou não tóricas, a diferença entre as duas é que a tórica permite a correção também para o astigmatismo, ampliando a visão do paciente e diminuindo a necessidade do uso de óculos para correção

O DIÁRIO: A DMRI tem o mesmo prognóstico de cura? Como tratá-la? 

DR. FERNANDO: A DMRI não tem cura, sendo possível apenas em casos de DMRI úmida o tratamento para minimizar a sua progressão e estabilizar a visão, porém o acompanhamento dos pacientes deve ser feito uma vez que se trata de uma doença crônica. Na DMRI seca, os pacientes devem dar ênfase para o seu aporte nutricional, principalmente para as vitaminas antioxidantes, bem como receber orientações sobre a sua exposição solar. A DMRI úmida, o tratamento é feito com anti angiogênicos, os quais ajudam a secar os vasos formados embaixo da retina que com o tempo acabam por prejudicar a visão, os principais fármacos usados neste tratamento são Aflibercepte e o Ranibizumabe e uso “off label” do Bevacizumabe.

O DIÁRIO: O que é Glaucoma?

DRA. DANIELA: O glaucoma é uma doença degenerativa, de causa multifatorial acarretando em danos progressivos ao nervo óptico, levando à perda visual e à cegueira irreversível. O glaucoma primário de ângulo aberto e o glaucoma primário de ângulo fechado são as formas mais comuns. A maioria dos pacientes com glaucoma apresenta hipertensão ocular (pressão intraocular elevada), mas danos ao nervo óptico também podem ocorrer com pressão intraocular normal. O diagnóstico requer a medição da pressão intraocular e exames específicos denominados “Propedêutica de Glaucoma”. 

O DIÁRIO: Existe alguma forma de prevenção dessas doenças? 

DRA. DANIELA: Segundo a Sociedade Brasileira de Oftalmologia, a forma mais eficaz de prevenir tais doenças degenerativas é a redução dos fatores de risco que as agravam. Através de educação pública, observa-se retardo no desenvolvimento da catarata e da DMRI, com uso de lentes de proteção UV; ao evitar uso de colírios com corticosteróides; com cessação de tabagismo e álcool; Além de controle de doenças crônicas, como diabetes mellitus.

Ademais, das formas de diminuir os fatores de riscos, enriquecer a alimentação com vitaminas A; Vitamina C e alimentos com carotenóides mostrou auxiliar no retardo do desenvolvimento dessas doenças.

E o mais importante é fazer exame oftalmológico com médico oftalmologista, mesmo que for para um simples exame para óculos (Lei do Ato Médico), pois o diagnóstico precoce dessas doenças e um tratamento efetivo, poderá evitar a cegueira em muitos casos.