Olimpíadas em Paris: Consagração e/ou decepção?
kleber-aparecido-da-silva - 4 de setembro de 2024
Kleber Aparecido da Silva é professor Associado 3 dos Cursos de Letras e de Relações Internacionais da UnB. É Bolsista de Produtividade em Pesquisa pelo CNPq – 2A
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O que lhe vêem a sua mente com o desempenho dos(as) atletas brasileiros(as) nas Olimpíadas de Paris? Orgulho ou decepção? Para muitos, as Olimpíadas em paris foi um simbiose e/ou um amalgamento entre o choro de alegria pelas conquistas e o amargo choro de tristeza pelos fracassos. Mas algo nós temos que admitir: as mulheres negras brasileiras mais uma vez fizeram o seu melhor nestas olimpíadas. Será que este feito é fruto do acaso? Não! A meu ver é fruto da competência e determinação destas mulheres. Lutam contra tudo e contra todos, no bom sentido é claro. E, este lutar possibilitaram que elas galgassem patamares e concretizassem todos os seus ideais, sejam eles profissionais e/ou pessoais em Paris.
Certamente as Olimpíadas em Paris foi palco de consagração para atletas renomados/as, e revelou também gratas surpresas. O meu propósito neste artigo não é dicotomizar uma discussão com o intuito de criticar aqueles cidadãos que certamente fizeram o seu melhor em suas respectivas modalidades e/ou especialidades. Pois conforme escreveu um certo poeta inglês no século XIX: “Erros nós cometemos aos montes. Mas, o maior erro que cometemos é quando subimos em nossos próprios montes para ver os erros alheios”. Mas, como educador, formador de professores de línguas e cidadão da República Federativa do Brasil fico me questionando: o que eu tenho feito para auxiliar estes/estas atletas brasileiros(as)? Ou seja, até que ponto as nossas escolas tem possibilitando subsídios teóricos e práticos para que os nossos alunos e alunas vençam não somente nas Olimpíadas, mas também na vida (fora da escola)?
Infelizmente, estamos inseridos num país onde não se prioriza a educação. Os documentos oficiais do governo postulam que a educação é para todos, mas a meu ver, a educação de qualidade ainda é para poucos. Enquanto não pensarmos em uma política propositiva nacional, pensando na valorização de todas as esferas do conhecimento, sejam elas: a língua estrangeira (inglês e espanhol), a geografia, da história, a educação física e as artes (disciplinas concebidas por muitos como ‘acessórios’ nos currículos); infelizmente continuaremos a levantar apenas a bandeira de educação como propaganda, como ideal, que dificilmente será realizado e/ou materializado. Quando houver uma política propositiva e crítica no Brasil, certamente os feitos dos/as brasileiros/as serão uma consagração e não uma decepção!
Kleber Aparecido da Silva é professor Associado 3 dos Cursos de Letras e de Relações Internacionais da UnB. É Bolsista de Produtividade em Pesquisa pelo CNPq – 2A