Os patrimônios históricos pedem socorro
karla-armani-medeiros - 3 de dezembro de 2024
PROFª ESP. KARLA ARMANI MEDEIROS historiadora, professora de História e titular da cadeira 7 da ABC www.karlaarmani.blogspot.com / @profkarlaarmani
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Não é preciso ser historiador para se sensibilizar diante do que está acontecendo com os patrimônios de Barretos. Não é preciso ser historiador para se manifestar e tentar fazer algo pela nossa história que está sendo levada não pelo tempo, mas pelo descaso. É somente preciso ter consciência do valor inestimável que a cultura e a economia barretense perdem cada vez que bens históricos não são zelados e se perdem.
Dentre tantos outros casos, é o que tem acontecido com o Museu Ruy Menezes e o Recinto Paulo de Lima Correa. Prédios municipais tombados (o primeiro pelo município e o segundo pelo CONDEPHAAT), ambos são administrados pela prefeitura, mas não passam por manutenção em suas estruturas há anos. E isso é visível a olhos nus, é só passar em suas frentes que se notam a falta de pintura, zeladoria e reparos básicos.
É claro que o Museu Ruy Menezes necessita de restauro e adaptações, principalmente em sua reserva técnica e hemeroteca, porém, enquanto isso não é possível, ao menos a manutenção deveria ser feita. Qualquer barretense (ou turista) que passe em frente ao museu percebe a sua falta de pintura e reparos (detalhe: a pintura de sua fachada é com cal, isto é, de baixo custo). Ademais, faltam funcionários de limpeza, situação que prejudica a integridade e conservação adequada das peças e documentos históricos. O museu é o coração de Barretos, onde a sua história está viva e preservada, é triste saber que as autoridades sequer o visitam e não zelam nem por sua pintura.
O Recinto Paulo de Lima Correa encontra-se ainda pior, visto que recentemente se tornou um cenário lastimável de prédios e telhados destruídos, matos enormes, pisos quebrados e madeiras expostas. O resultado disso é a transformação de parte de um rico patrimônio cultural em uma área insalubre, a qual a comunidade se incomoda e não se identifica. Grande paradoxo, já que o recinto é o berço da tradição sertaneja de Barretos.
Esses dois senhores de 117 anos e 79 anos pedem socorro. Por isso, esse é um manifesto às autoridades de todas as esferas, sem acusar ninguém, mas apelando-se para todos: façam ao menos o básico para garantir a sobrevida desses patrimônios. O básico: visitem, zelem e mantenham; afinal a população está ouvindo os gritos de socorro.
PROFª ESP. KARLA ARMANI MEDEIROS, historiadora, professora de História e titular da cadeira 7 da ABC – www.karlaarmani.blogspot.com / @profkarlaarmani