Overtourism, é uma palavra da língua inglesa, eleita em 2018 uma das palavras do ano pelo dicionário Oxford, e pode ser traduzida como excesso de turistas, fenômeno que causa transtornos em algumas cidades ao redor do mundo.

Pouco tempo depois, em março de 2020, a OMS declarou a pandemia global do coronavírus que, ao parar o mundo, reduziu o turismo à quase zero, interrompendo assim o fluxo de dinheiro injetado pelo turismo na economia. Assim, o excesso de turistas se tornou uma saudosa memória para as mesmas pessoas que o viam como um problema.

Certamente, uma das imagens mais icônicas daquele triste período de pandemia, foi a marcante apresentação do tenor Andrea Bocelli, que entonou a canção Amazing Grace na Piazza del Duomo completamente vazia em Milão.

Esse tempo felizmente ficou para trás, e o famigerado “novo normal” virou apenas uma má lembrança na vida das pessoas. O turismo, que alguns acreditavam que nunca retomaria os mesmos níveis, já apresenta, em alguns setores, níveis acima dos verificados antes da pandemia, e isso trouxe de volta as reclamações sobre o Overtourism.

Recentemente, moradores de Barcelona protestaram contra o número excessivo de visitantes, “atirando” com pistolas d’água nos turistas que passeavam pela cidade catalã. Outras cidades europeias adotaram medidas para reduzir o número de visitantes, como Veneza, que passou a cobrar uma taxa de quem visita a cidade em algumas situações, ou Dubrovnik, que pretende restringir as locações de curta temporada em seu centro histórico, além de ter limitado os navios de cruzeiro no porto da cidade.

Evidentemente que essas cidades não visam acabar com o turismo, mas sim buscar uma espécie de “turismo responsável”, que preserve o local, suas pessoas, e suas tradições. É uma equação por vezes complicada, mas cuja solução é essencial para a preservação dos locais visitados.

DANILO PIMENTA SERRANO É ADVOGADO E PROFESSOR UNIVERSITÁRIO