Dicas Gramaticais

A pontuação não apenas organiza o enunciado e influencia a interpretação textual, como desempenha funções específicas que garantem a precisão sintática e a fluidez da comunicação. Dada a relevância desse tema para a estruturação do discurso, a pontuação costuma ser tratada no final das gramáticas normativas. Isso porque o seu uso está intrinsecamente ligado à morfologia e à sintaxe, exigindo conhecimentos prévios dessas áreas para a sua correta aplicação. Assim, compreender o papel organizador da pontuação e sua influência na interpretação do enunciado é essencial para a produção de textos claros e bem estruturados.

A organização de um texto depende diretamente do uso adequado da pontuação, que estabelece relações sintáticas e semânticas entre os termos. A vírgula, por exemplo, é obrigatória antes de orações subordinadas reduzidas de gerúndio, como em “O ponto-final encerra a ideia, marcando uma pausa”. Além disso, seu emprego após conectivos que iniciam frase – “No entanto, a questão não foi resolvida.” – contribui para a fluidez textual. No contexto da construção sintática, a vírgula também se faz necessária para delimitar apostos explicativos, como em “A vírgula, sutil e essencial, guia a leitura”. Nesses casos, a ausência desse sinal gráfico pode prejudicar o correto entendimento do enunciado.

Com efeito, a pontuação exerce papel decisivo na interpretação textual. Aliás, a vírgula é um evidente exemplo, pois quando mal-empregada pode gerar ambiguidades, como em “Não, quero estudar muito.” e “Não quero estudar muito”, em que a sua presença altera a intenção da frase. Outro exemplo está na diferença de significados entre as expressões “Os candidatos empenhados passaram no concurso.” e “Os candidatos, empenhados, passaram no concurso”. No primeiro caso, sem vírgulas, nem todos passaram; no segundo, com vírgulas, todos passaram. Portanto, o domínio da pontuação tanto garante textos bem estruturados e alinhados à norma-padrão quanto assegura a precisão e a eficácia da comunicação.

Luciano Borges é Doutor em Letras pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, na área dos estudos discursivos e textuais – literatura, artes e mídias digitais