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Quem é o adúltero, o luxurioso, o infiel?

Diocese de Barretos - 6 de novembro de 2024

Quem é o adúltero, o luxurioso, o infiel?

Quem é o adúltero, o luxurioso, o infiel?

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(Por: Papa Francisco)

O caminho da maturação humana é o próprio percurso do amor que vai do receber cuidados à capacidade de oferecer cuidados, do receber a vida à capacidade de dar a vida. Tornar-se homens e mulheres adultos significa chegar a viver a capacidade esponsal e parental, que se manifesta nas várias situações da vida, como a capacidade de assumir sobre si o peso de outra pessoa e amá-la sem ambiguidades. Trata-se, por conseguinte, de uma atitude global da pessoa que sabe assumir a realidade e sabe entrar numa relação profunda com os demais.

Por conseguinte, quem é o adúltero, o luxurioso, o infiel? É uma pessoa imatura, que conserva para si a própria vida e interpreta as situações com base no seu bem-estar e satisfação. Portanto, para se casar, não é suficiente celebrar o matrimónio! É necessário percorrer um caminho do eu para o nós, do pensar sozinho para o pensar a dois, do viver sozinho para o viver a dois: é um bonito percurso. Quando conseguimos descentralizar-nos, então cada ação é esponsal: trabalhamos, falamos, decidimos, encontramos os outros com a atitude acolhedora e oblativa.

Agora podemos alargar um pouco a perspectiva e dizer que qualquer vocação cristã, neste sentido, é esponsal. É o caso do sacerdócio, porque é uma chamada, em Cristo e na Igreja, a servir a comunidade com todo o afeto, o cuidado concreto e a sabedoria que o Senhor concede. A Igreja não precisa de candidatos para desempenhar o papel de sacerdotes; não, não servem, é melhor que fiquem em casa; mas servem homens aos quais o Espírito Santo toca o coração com um amor sem reservas pela Esposa de Cristo. Assim também a virgindade consagrada em Cristo deve ser vivida com fidelidade e alegria como relação esponsal e fecunda de maternidade e paternidade.

Repito: cada vocação cristã é esponsal, pois é fruto do vínculo de amor no qual todos somos regenerados, o vínculo de amor com Cristo. A partir da sua fidelidade, da sua ternura, da sua generosidade, olhemos com fé para o matrimónio e para cada vocação, e compreendamos o sentido pleno da sexualidade.

A criatura humana, na sua inseparável unidade de espírito e corpo, e na sua polaridade masculina e feminina, é uma realidade muito boa, destinada a amar e a ser amada. O corpo humano não é um instrumento de prazer, mas o lugar da nossa chamada ao amor, e no amor autêntico não há espaço para a luxúria nem para a sua superficialidade. Os homens e as mulheres merecem mais do que isto!

Portanto, a Palavra «Não cometerás adultério», mesmo se em forma negativa, orienta-nos para a nossa chamada originária, ou seja, para o amor esponsal total e fiel, que Jesus Cristo nos revelou e doou (Catequeses, outubro 2018).