Por Seminarista Matheus Flávio, 4º de teologia

Com a quarta-feira de Cinzas a Igreja inicia o Tempo da Quaresma, tempo de penitência, oração, jejum, conversão. As vezes podemos nos deparar com perguntas do tipo: “mas de novo a mesma coisa?”, “qual a necessidade desse tempo e dessas práticas?”, “é sempre a mesma coisa...”. Diante desses questionamentos e colocações devemos lembrar que o Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo é sempre novo e atual, a cada vez que o escutamos e meditamos somos convidados a fazer algo diferente, a conformar mais a nossa vida segundo suas propostas, e assim é Quaresma a cada ano. Então, ao iniciarmos mais uma Quaresma podemos assumir as penitências, os gestos de caridade para com os irmãos, o jejum, para percebermos e progredirmos na conversão das nossas vontades e do nosso coração às vontades e propósitos do Senhor. Não é preciso se isolar do mundo por quarenta dias, mas nos fará muito bem espiritualmente escolher penitências como o menor uso de redes sociais para maior contato pessoal com os nossos irmãos e irmãs entrando assim em contato concretamente com suas necessidades, como nos sugere a Campanha da Fraternidade desse ano. Também nesse tempo, podemos fazer uma revisão, se usamos essas ferramentas digitais para anunciar o Evangelho e dar testemunho nosso seguimento a Jesus Cristo. Para um mundo que cada vez mais corre na direção das conquistas materiais, ou seja, daquilo que um dia virará pó, esse tempo quaresmal pode ser uma boa oportunidade para encontrar-se com os objetivos da vida e a outra dimensão da vida, a espiritual. Para isso podemos buscar na oração e na Palavra de Deus, alimento e energia para o cultivo dessa vida espiritual nesse tempo oportuno. O Papa Francisco na sua homilia da quarta-feira de Cinzas de 2019 fez uma colocação sobre isso: “A Quaresma é tempo para nos libertarmos da ilusão de viver correndo atrás de pó. A Quaresma é descobrir que somos feitos para o fogo que arde sempre, não para a cinza que imediatamente se some; para Deus, não para o mundo; para a eternidade do Céu, não para o engano da terra; para a liberdade dos filhos, não para a escravidão das coisas. Hoje podemos interrogar-nos: De que parte estou? Vivo para o fogo ou para as cinzas?”. Que o Senhor nos ajude nesse tempo quaresmal a sermos diferentes e mais próximos da sua Palavra, da sua misericórdia e livre-nos da indiferença aos nossos irmãos mais necessitados. Tenhamos no coração mais algumas palavras do Papa Francisco: “A Quaresma começa com as cinzas, mas leva-nos no final ao fogo da noite da Vigília Pascal, a descobrir que, no sepulcro, a carne de Jesus não se torna cinza, mas ressuscita gloriosa. O mesmo vale para nós, que somos pó: se voltarmos ao Senhor com as nossas fragilidades, se tomarmos o caminho do amor, abraçaremos a vida que não tem ocaso. E viveremos na alegria.”