Resiliência hídrica se alcança com planejamento e integração
O Diário - 21 de fevereiro de 2025
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Natália Resende, secretária de Estado de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística de São Paulo (Foto: Divulgação)
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A chamada resiliência hídrica é desafio a ser enfrentado em todos os níveis - federal, estadual e municipal - e considerando os dois extremos (estiagens severas e chuvas intensas). Não há iniciativa isolada, nem solução da noite para o dia.
O Estado de SP está na direção certa ao trabalhar com planos bem estruturados que consideram ações integradas de curto, médio e longo prazo. Atuamos de forma ininterrupta no maior programa de resiliência hídrica da história, com mais de R$ 3 bilhões de investimento em desassoreamento, obras de barragens e sistemas adutores, perfuração cuidadosa de poços, construção e manutenção de piscinões, reservatórios e sistemas de macrodrenagem. Também criamos a SP Águas, agência reguladora estadual de recursos hídricos, que já está realizando a gestão e fiscalização do uso da água de forma estratégica.
Além das medidas previstas no Plano de Adaptação e Resiliência Climática do Estado, posto em consulta pública em 2024 e que tem como um dos eixos a segurança hídrica, estão em andamento serviços e obras para enfrentar problemas históricos de falta de água. Na região de Campinas, uma das mais afetadas pela seca, a construção das barragens de Pedreira e Duas Pontes conta com investimento que supera R$ 800 milhões. O sistema adutor já está em fase de estudos de viabilidade econômico-financeira, ampliando o benefício para mais de 6 milhões de pessoas na região.
No período chuvoso, que estamos agora, os esforços são em várias frentes. Nos últimos dois anos, 2,6 milhões de metros cúbicos de sedimentos foram retirados do Tietê e seus afluentes por meio do IntegraTietê, a maior remoção da história do estado. Isso equivale a 185 mil caminhões cheios.
Além do desassoreamento, a SP Águas opera continuamente pôlderes ao longo da Marginal Tietê, a fim de diminuir os transtornos causados por chuvas volumosas. Ao todo, são 12 conjuntos de pôlderes com capacidade para armazenar 29.153 m³.
Essa operação contínua se soma a inúmeras obras entregues e em andamento. A região metropolitana de São Paulo, por exemplo, contará, até o primeiro semestre de 2026, com mais quatro estruturas para aperfeiçoar o sistema de mitigação de cheias - um piscinão em Franco da Rocha; um no Córrego Jaboticabal, beneficiando São Paulo, São Caetano do Sul e São Bernardo do Campo; outro beneficiando Franco da Rocha e Caieiras; o reservatório no Córrego Antonico, na capital, além do EU-09, já entregue nesta gestão em Franco da Rocha.
Tudo isso, porém, não será suficiente se não houver também uma preocupação das cidades com a microdrenagem, que nada mais é que o sistema que recebe e conduz as águas das chuvas, composto por bueiros e galerias de águas pluviais. Enquanto tivermos problemas nessas estruturas, combinados com chuvas intensas, conviveremos com os alagamentos. Em São Paulo, das 645 cidades, apenas 130 tem planos municipais específicos de drenagem, e a maioria está desatualizada.
O Governo de São Paulo não está alheio a essa necessidade e tem apoiado as gestões municipais. Junto aos comitês de bacias, mais de R$ 80 milhões do Fundo Estadual de Recursos Hídricos (Fehidro) foram destinados nos últimos dois anos para a elaboração de planos ou execução de projetos e obras de drenagem. Recentemente, foram anunciados outros R$ 64 milhões disponíveis para novos projetos. Os extremos climáticos têm se mostrado cada vez mais desafiadores. A única forma de nos adaptarmos e sermos resilientes é com muita prevenção, planejamento, educação ambiental e, principalmente, integração.
Natália Resende, secretária de Estado de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística de São Paulo