(Por: Pe. Carlos A. Contieri, SJ)

Em todo o Novo Testamento, não há sequer uma palavra saída da boca de José. O destaque é dado a Maria, mãe do Senhor, talvez por razões apologéticas, a saber, reforçar a paternidade divina do Verbo feito carne. Num mundo em que as pessoas buscam protagonismo, São José, na sua humildade eloquente, é uma figura profética, em que a prioridade é dada à Palavra, ao desígnio salvífico de Deus, ao amor silencioso, expresso em obras.

Qual é o papel de José na encarnação do Filho de Deus? Em Mateus 1,19 se diz que "José era um homem justo". Ele se inquieta não porque desconfiasse da retidão de sua noiva. O que o inquieta é a relação com a criança que Maria está gerando e a sua missão em relação a essa criança. Se o texto diz que ele é justo, é no sentido de que ele busca preservar Maria através de uma decisão de clemência ("não queria difamá-la publicamente..."). José não quer tomar para si o que Deus reservou para ele. Esta atitude revela não somente a sua sabedoria, o seu autocontrole, o seu discernimento, mas também a sua bondade, sinal de sua grande misericórdia.

É em sonho que o anjo de Deus fala com José. Deus também sempre nos envia seu anjo para ele nos mostrar, em sonho, como nosso caminho continua. O anjo do Senhor sempre aparece quando em nós está nascendo algo novo, quando nos aproximando mais do sonho original de Deus. Para que a criança divina possa crescer em nós, são necessários o anjo, o sonho e a obediência à Palavra de Deus.

Então, aquilo que o anjo promete se encarnará em nós e impregnará nossa vida. Mateus repete várias vezes que José agia em conformidade com o que o anjo do Senhor lhe ordenara (Mt 1,24; 2,13.21). José é ouvinte atento da Palavra, é servo obediente.

São José, servo por amor, interceda junto a Deus por todos nós e nos alcance de Deus a graça de um conhecimento melhor do Senhor, que por nós se fez homem.