O que realmente se experimenta quando a saudade chega? O filme intitulado  “O Paraiso é logo aqui”, mostra o personagem de volta à sua antiga casa de infância, por uma razão não específica. Ao entrar na sala onde outrora era seu quarto, ele diz “não sinto nada.” Apesar de não conseguir expressar sentimento algum, certamente algo deveria tocá-lo. Quando retornei à uma singela e pequenina cidade do  interior de Minas, onde morei ainda bem criança, pedi à minha mãe para me guiar, até a casa da qual tinha somente recordação em fotos e  inesquecíveis histórias. Assim que lá cheguei, tive  percepção de que não era tão grande como eu imaginava. Na verdade, ela estava do mesmo tamanho, até do mesmo jeito por sinal, porém eu era bem menor! Claro que tive uma gostosa sensação, assim como quando sinto aquele cheiro que remete à doce época de infância, quando se encontra aquele antigo presente dado por alguém muito especial e lugares antes visitados.
Não que esses lugares deem  o mesmo prazer  hoje, não que esse presente ainda  me sirva.  Para falar a verdade, esse lugar nem me pertence mais. Não caibo mais nesse brinquedo, nem nessa blusa. Não me entretêm mais essas gravuras coloridas, mas então, por que me faz tão bem? Simplesmente, sinto saudades. Não estou dizendo que se deve deixar de trazer para mais perto o que se sente falta, mesmo porque há algo de muito positivo nessa busca, pois sentimos que devemos crescer, e refletir que o mais belo momento da vida e o mais carregado de futuro é o momento presente. Se hoje me parece pequeno, porque éramos pequenos, é porque temos que nos renovar para continuar crescendo e só percebemos isso quando reconquistamos o objeto de nossa saudade. Ela é o amor que fica.
Sentir saudades é o bem-estar vivenciado ao lembrar o prazer  que experimentávamos, e isso nunca vai mudar de tamanho. Pode passar o tempo, a saudade sempre vai nos acompanhar. Não quero deixar de sentir saudades, pois é um especial afeto, excelso amor, o melhor e mais incorruptível amor que herdamos do passado.

Saudade é outro nome da esperança, lembrar a felicidade é ser feliz ainda...

Rosa Carneiro é empresária e presidente da Academia Barretense de Cultura