Ser ouvidos
Diocese de Barretos - 8 de fevereiro de 2025
![Ser ouvidos Ser ouvidos](https://s3.us-east-1.wasabisys.com/odiario/2025/01/rXFX3HUr-Brasao-Diocese-258x350.jpg)
Ser ouvidos
Compartilhar
Por Pe. Ivanaldo Mendonça, Paróquia São José, Olímpia-SP
‘Ninguém me ouve!’ Esta é uma queixa comum em nossos dias. Na família, nos círculos de amizade, no trabalho, nas terapias e igrejas o ‘ninguém me ouve’ é unanimidade. Xingos, elogios, desabafos e declarações que reivindicam o direito de ser ouvido, entopem as redes sociais, como que obrigando quem está do outro lado a ouvir. Os instrumentos de comunicação, que alguns têm como melhores amigos, são programados apenas para falar.
Sofremos a carência de um elemento essencial, uma necessidade básica do ser humano: saber ouvir. Não saber e não conseguir ouvir é mais uma dentre as tantas consequências do isolamento ao qual somos estimulados: cada um no seu mundo, à sua maneira, a seu tempo, com sua opinião e vontades. Embora seja a rede o símbolo do mundo globalizado e conectado, vivemos como retalhos, próximos ou pertos, porém, isolados, cada um no seu quadrado.
Saber ouvir exige muito mais que um aparelho auditivo saudável. Esta nobre arte envolve a totalidade do ser, tudo o que somos e temos. Para obter êxito neste exercício, alguns movimentos são fundamentais:
Ouvir a si próprio. Viver a dinâmica do diálogo interno com nossa própria mente, coração, sonhos e projetos, alegrias e decepções. A incapacidade de ouvir o outro é reflexo de não saber ouvir a si próprio;
Acolher o outro. Estar para o outro, permitindo que ele se aproxime, tenha espaço para ser quem é, na condição em que se encontra (alegria ou tristeza, vibração ou decepção). Acolhê-lo por quem ele é, não por aquilo que ele faz ou traz;
Despojar-se de si. Não impor ao outro o que pensamos e sentimos, nossos pré-conceitos e opiniões sobre o que ele diz ou faz. Esta atitude evidencia a capacidade de o ser humano doar-se e reconstituir-se sem perder-se, sinônimo de maturidade e equilíbrio;
Fazer silêncio. Estar totalmente para o outro, permitindo que ele fale, esvazie-se. Fazer silêncio exige que nos livremos do vício de dar respostas e interromper o outro. Tantas vezes o silêncio é a melhor resposta;
Ouvir a si próprio, acolher o outro, despojar-se de si e fazer silêncio, está intimamente relacionado à humildade, qualidade daquele que não tenta se projetar, nem se mostrar superior ao outro. Humildade é a virtude que dá o sentimento exato da nossa modéstia, cordialidade, respeito, simplicidade e honestidade.
Precisamos ‘ser ouvidos’ porque temos necessidade de falar!
Precisamos ‘ser ouvidos’ porque outros têm necessidade falar!