Nas últimas semanas têm circulado em grupos de WhatsApp alguns vídeos de políticos famosos, como Geraldo Alckmin e Jair Bolsonaro, ensinando a população a “receber uma indenização do governo”, em valores entre mil e sete mil reais, em poucos segundos, bastando, para isso, “clicar em saiba mais”. 

Essa seria, sem dúvidas, uma alvissareira notícia, sobretudo nessa época de carestia financeira. Todavia, a notícia é falsa. E mais. Os vídeos são falsos, uma vez que os políticos nunca gravaram nenhum vídeo divulgando essa suposta informação à população. Na verdade, os vídeos foram produzidos com o auxílio da inteligência artificial (IA), por meio de uma técnica conhecida como “deep fake”, para induzir a pessoas a acessarem o link, que possivelmente às encaminharia para uma fraude. 

Com o uso da inteligência artificial, qualquer pessoa com um domínio básico da tecnologia consegue produzir fotos e vídeos falsos com base em imagens verdadeiras, e obter resultados bastante realistas, para que uma pessoa pareça fazer e dizer coisas que na verdade nunca fez ou falou. O resultado pode enganar facilmente os incautos – e até mesmo as pessoas mais atentas. Inclusive, existe até mesmo a “clonagem” da voz de uma pessoa, de modo que até um áudio de WhatsApp pode ser criado por IA.  

Esse recurso já tem sido utilizado para a prática de diversos ilícitos, sobretudo fraudes e golpes financeiros, mas também extorsões e crimes sexuais, de modo que se mostra importantíssimo que as pessoas saibam identificar um “deep fake”. Modo estranho de piscar os olhos ou nenhum piscar, lábios mal sincronizados com a fala, elementos digitais na imagem, e pele com aspecto de “cera”, são fortes indicativos de que o vídeo foi produzido por IA, de forma que a pessoa deve redobrar a cautela com o seu conteúdo. 

Assim, se no passado o ditado “só acredito vendo” era válido, atualmente não o é, e as pessoas não podem mais acreditar nem mesmo no que os olhos veem.