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“Tão desfigurado ele estava que não parecia ser um homem” (Is 52,14)

Diocese de Barretos - 18 de abril de 2025

“Tão desfigurado ele estava que não parecia ser um homem” (Is 52,14)

“Tão desfigurado ele estava que não parecia ser um homem” (Is 52,14)

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Por Pe. Pedro Lopes, Vigário paroquial São Miguel Arcanjo, Miguelópolis-SP

A Sexta-feira Santa nos coloca diante do mistério da cruz, onde Cristo, o Servo Sofredor, entrega sua vida pela salvação da humanidade. A profecia de Isaías já anunciava esse sofrimento: "Tão desfigurado ele estava que não parecia ser um homem, e sua aparência não era a de um filho de Adão" (Is 52,14). O Messias suportaria desprezo, rejeição e dores inimagináveis, tudo por amor à humanidade.

Cristo foi humilhado, flagelado e coroado com espinhos. Seu corpo foi marcado por feridas profundas, e cada golpe recebido era consequência de nossos pecados. O Cordeiro de Deus, inocente e sem mancha, aceitou ser esmagado sob o peso da dor e da injustiça. "Era desprezado, era a escória da humanidade, homem das dores, experimentado nos sofrimentos; como alguém de quem todos escondem o rosto" (Is 53,3). No entanto, Ele assumiu tudo isso para nos purificar, para que por suas chagas fôssemos curados. A cruz não é um sinal de fracasso, mas de vitória. Ali, Cristo se ofereceu em sacrifício, reconciliando a humanidade com Deus. Pelo seu sangue derramado, fomos libertos da escravidão do pecado. Aquele que não conheceu o pecado tornou-se pecado por nós, para que n’Ele nos tornássemos justiça de Deus (cf. 2Cor 5,21).

A cruz de Cristo é o meio pelo qual alcançamos o céu. Não há ressurreição sem cruz, não há glória sem sofrimento. Jesus nos ensina que o caminho da salvação passa pela renúncia, pelo carregar da própria cruz a cada dia. Ele não fugiu do sofrimento, mas o abraçou por amor, mostrando-nos que, na dor redentora, encontramos um sentido maior: a comunhão com Deus.

A Sexta-feira Santa nos lembra que a obra da salvação continua. Enquanto houver pecado no mundo, inocentes continuarão a sofrer, vítimas da injustiça e da maldade. A cruz de Cristo se prolonga na história em todos aqueles que são perseguidos por causa da verdade, naqueles que carregam pesadas dores físicas e emocionais, nos esquecidos e marginalizados. Mas a cruz não é a última palavra. O sacrifício do Cordeiro de Deus nos dá a esperança da ressurreição, da vida nova que brota do amor incondicional. Ao contemplarmos Cristo crucificado, possamos reconhecer no madeiro a manifestação suprema do amor divino. Que sua cruz nos fortaleça na caminhada da fé, recordando-nos que, ao lado d’Ele, também seremos glorificados. Pois, como nos ensina a Escritura: "Ele tomou sobre si as nossas enfermidades e carregou com as nossas dores" (Is 53,4).