Tudo passa pelo clima
O Diário - 18 de janeiro de 2025
José Renato Nalini é Reitor da UNIREGISTRAL, docente da Pós-graduação da UNINOVE e Secretário-Executivo das Mudanças Climáticas de São Paulo.
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O maior desafio posto à humanidade em sua trajetória é o resultado da insanidade com que a natureza foi tratada durante séculos – e continua a sê-lo – de maneira que as emergências climáticas são o tema de hoje e o de amanhã também.
Não há mais condição para que todo e qualquer município deixe de incluir o tema em seu radar. Tudo o que se fizer, de agora em diante, na cidade, precisará levar em conta a sua situação diante dos fenômenos extremos que continuarão a ocorrer, com intensidade e frequência a cada dia maiores.
É importante que União e Estado também incluam o assunto como de primeiríssima prioridade. O Estado de São Paulo vai considerar os impactos das mudanças climáticas no repasse de recursos para obras públicas nos municípios paulistas. É o programa “Bairro Paulista: Cidades Sustentáveis”, que prevê prioridade para obras de contenção de alagamentos, deslizamentos e preocupação ambiental como jardins de chuva e asfaltamento ecológico.
Os municípios menores contarão com ajuda do Estado para produzir ou ajudar na produção de projetos e fará a transferência de recursos para o município. São oito eixos a serem considerados: manejo de águas pluviais, pavimentação, mobilidade, manejo de sistemas hídricos, áreas verdes multinacionais, equipamentos, iluminação e sinalização.
Tudo deve ser pensado à base de soluções de acordo com a natureza. E seria interessante que as escolas de todos os níveis também participassem, de maneira a fazer com que os alunos fossem questionados a detectar a maior necessidade ecológica de sua cidade e a proposta de solução para solucioná-la.
Se é na cidade que as pessoas nascem, vivem e morrem, - não no Estado ou na União – é a cidade que merece hoje o carinho de seus habitantes, com vistas ao futuro que se queira assegurar às novas gerações, nossas credoras, pois a minha geração foi, voluntariamente ou não, muito cruel com a única natureza de que dispomos.
Ainda é tempo de corrigir, ao menos em parte, os erros perpetrados durante séculos. Incumbe aos atuais viventes correrem atrás do prejuízo. E não há alternativa. Deixar que as coisas continuem de maneira insensata é condenar a humanidade a um termo final relativamente precoce. Não é isso o que podemos almejar.