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Um diálogo edificante

O Diário - 1 de novembro de 2024

Um diálogo edificante

Rosa Carneiro é empresária e presidente da Academia Barretense de Cultura

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Dia de Finados. Como todos os anos, milhares de pessoas vão ao cemitério para rezar pelos seus falecidos e refletir sobre a vida. Ali, duas amigas se encontram: Maria e Antônia. A conversa inicia-se animada, tratando das novidades do dia a dia, mas de repente muda de rumo e se torna bastante interessante e reflexiva.
- Não entendo por que tanto respeito e tanta consideração pelos falecidos – exclama Maria taxativa.
- Pois é. Tudo isso tem seus motivos. É sinal de que os nossos antepassados continuam sendo queridos por nós e de que a vida não termina com a morte. Nosso corpo aqui será enterrado, mas algo sobrevive – observa Antônia e continua: muita gente não acredita nessa história de vida depois da morte, nem na ressurreição, mas felizmente é verdade. É por isso também que há tanto desrespeito pela vida. Quando não acreditamos na vida que continua após a morte, não valorizamos o suficiente a vida presente.
- Para falar a verdade, eu também não acredito muito em vida após a morte – retruca Maria.
- Você não é a única. Eu acredito e levo muito a sério essa história de ressurreição – responde Antônia. Se venho visitar meus falecidos, é porque acredito que continuam vivos em outra dimensão. Eles estão vivos junto de Deus.
Quanto mais valorizarmos a vida presente, é quanto mais bela vai se tornando e confirma que ela não pode ter um fim trágico ou desaparece: tudo vai  acabar com a morte. Se não acreditasse na continuidade da vida, eu não viria ao cemitério. Como creio na ressurreição dos mortos, aqui estou para prestar-lhes minha homenagem.

Após ouvir este diálogo entre duas pessoas questionando sobre a morte e ressurreição, vamos também refletir sobre este tema tão questionado e ao mesmo tempo renegado ao esquecimento como se fosse um tabu. No Dia de Finados, não festejamos a morte. Seria uma ignorância e uma contradição. Celebramos sim, nossa fé na ressurreição e a esperança do encontro que o Senhor Jesus nos preparou, no seio amoroso de Deus. É uma oportunidade ímpar de agradecer a Deus pela existência daqueles que nos precederam e, de certa forma, participaram da construção de nossa própria história.
Os gestos mais comuns em Finados são a visita ao cemitério, o enfeite com flores ao túmulo da pessoa querida, velas e orações. A vela é a luz que simboliza nossa esperança de que o caminho de nossos entes queridos está sempre iluminado pela luz que não se apaga que é  a Luz Divina, as flores simbolizam nosso amor, nossa ternura e as orações nossa fé naquele que é o Senhor da Vida  e que só por Ele chegaremos à Glória Celeste.
Além disso, ao recordar a vida de um ente querido, nos deparamos com a realidade da morte em nossa vida e pesamos assim nossos comportamentos pessoais e sociais. A presença de limitação e fraqueza de vida permite-nos sermos mais humildes na consideração da validade da mesma. Não há como ficar insensível diante da finitude da carne humana.
Como cristãos temos como referência a vida, que é a morte e a ressurreição de Jesus Cristo. Em sua passagem pela terra, o filho de Deus sentiu em sua própria carne a frieza da morte. Ele morreu realmente. Mas a Graça de Deus, confirmando a mensagem e o testemunho da vida de Jesus, O ressuscitou dos mortos e garantiu assim, a todos os que nele crêem, a possibilidade de transcender a fase finita da vida e alcançar a plenitude da personalidade e potencialidades humanas, na realidade de fé que chamamos de Vida Eterna.Com essa certeza, faz sentido comemorar e não lastimar os falecidos.
 Finados é uma mistura de alegria e dor, de presença e ausência, de festa e saudade. E nós que ficamos por aqui, cabe refletir e celebrar a vida com amor, desprendimento e ternura.